Eduardo Caputo
Longe de mais da Capital
Por Eduardo Caputo
Pesquisador associado - Universidade Brown, EUA
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Morar longe de casa não é algo simples e fácil, como muitas vezes tentamos parecer que seja, sob vários pontos de vista. É claro que existem casos de pessoas que sempre buscaram isso, mas ao meu ver, de forma geral, quem opta por morar longe da sua "Capital do Mundo" o faz por falta de opções ou oportunidades nos arredores da sua querência.
De forma específica, quem nasceu e cresceu em Pelotas, em geral, não observa em seu horizonte estudar, ou até mesmo trabalhar, fora da cidade ou região. Há três Universidades e mais um Instituto Federal na região, o que garante ensino de qualidade nos mais diversos cursos. Na verdade, Pelotas é invadida (no bom sentido) por estudantes de diversos locais do País, tornando a experiência de estudar fora não tão comum para seus filhos. Caso bem diferente da terra do Tio Sam. Como bem retratado em diversos filmes e séries, os jovens já sabem que, ao sair do Ensino Médio e ingressar em uma Universidade, morar perto de casa é algo praticamente impossível.
É claro que, com o passar do tempo, algumas das dificuldades de morar longe foram amenizadas com o advento da tecnologia. Se antigamente, e não muito tempo atrás, dependia-se de cartas ou de tarifas telefônicas pesadas ao se realizar uma chamada de longa distância seja nacional ou internacional (os famosos DDD ou DDI, como se dizia nos tempos dos Maias, Incas e Astecas), hoje em dia tudo se resolve com uma mensagem ou chamada de vídeo. Lembro, quando pequeno, nos não tão longínquos anos 1990, que meu tio morou um tempo por aqui. À época, uma chamada internacional era, literalmente, coisa de outro mundo, e acontecia raramente pelas bandas lá de casa.
É claro que a tecnologia ajuda a amenizar a saudade. De ambos os lados. De quem se encontra na Capital do Mundo, e de quem se encontra longe. Independentemente se a pessoa está em Porto Alegre, ou do outro lado do planeta. Eu gosto de pensar que momentos felizes se reproduzem. Datas comemorativas, como aniversários, festas de família, reuniões de amigos, entre outros tantos eventos que se perdem em virtude da distância, são de certa forma reproduzidos quando da presença na terra natal, mesmo que por um período curto.
Porém, infelizmente, a tecnologia ainda não conseguiu uma forma de minimizar a distância em momentos não tão felizes. Por mais que a presença física seja importante em momentos de alegria que, como disse, são replicáveis, em momentos de tristeza ela se torna ainda mais importante. É nessas horas que gestos pequenos como um abraço ou uma palavra de conforto soam melhor ao vivo, do que por uma mensagem de texto, por mais que as palavras tenham o poder de gerar conforto. É nesse momento que quem mora longe gostaria de se teletransportar como os Power Rangers, ou que os meios de transporte tivessem evoluído e conseguissem viajar na "velocidade da luz, ou quem sabe de um cometa", para poder estar presente quando a presença física é mais necessária. De qualquer forma, o importante é sempre se fazer presente. Do jeito que der. Afinal, outro ponto importante de morar fora é a compreensão e respeito das pessoas pelas decisões dos seus. E assim seguimos, tentando estar o mais próximo possível, mesmo estando distantes.
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